terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

PEDRAS

Feitas nascer maternais, esculpidas com carinho, sonhadas para futuro. Modeladas a seu gosto, cêdo se ia revelando o trambolhar numa delas que para sorte ou azar à mais nova e mais pefeita a cada dia lhe era dado, mais uns cuidadinhos extra. Chegara esta à perfeição, admiração de muitos, sobretudo paternal. Orgulhoso desta obra, bela no seu exterior, jamais ele imaginar tão pérfida de interior. Pedra dura de roer, não daqueloutras nos rins que singelo bistuturi as extrai pela raiz, mas das que incessantemente te atormentam a cabeça e apertam o coração. Te fazem chorar por ela e levar ao desespero, convencido de que agora de nada terá valido tanto trabalho já tido a sizelá-la perfeita. Tempo perdido, talvez...

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

BRUMA

O que esperas mantilhão perdido na imensa bruma, que de cajado na mão, orientas para o além a desmesurada visão de um querer enganador, composto de imensa dor, descuido de um orgulho de que tu sabes tão bem, ser o mal do teu sofrer? Vais penosamente arrastando o fardo nas tuas costas que te queima o coração. Mantilhão és perdedor. O cajado não te ajuda, só te alivia um pouco o que sabes como ninguem, o mal que a desgraça tem, o não querer ver mais além, um pouco mais, da penumbra, que te cega, que te amarra e que te entrega à dor que honrosamente ostentas com cara de sofredor.

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

PENUMBRA

Eis senão que a luz se apaga, devagar, tão de mansinho, que passas as mãos nos olhos, devagar devagarinho procurando uma réstea que de luz te abra o caminho. Mas da luz já nada vês, uma penumbra somente, que embora lentamente também muito de mansinho te vai cobrindo de bréu o que de de esperança já fora. Tateias aqui, ali, sem saber que hás-de fazer, se continuar às escuras, se regressar denegrido ou, se permneceres imóvel, aguardando uma outa vez, prendendo-te sem remédio a qualquer réstea de esperança, que porventura ainda tenhas ou venhas a conseguir. Tives-te-la ali bem próximo, a um estender de braços mas por ti ou pelo destino deixaste que se enstinguisse..novamente, mais uma vez.

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

LUZ

Lá no fundo, lá bem longe, mesmo a perder  de vista, cuidas haver algo mais, que te impele, que te impurra que te te leva a procurar. Assim, mesmo caído, sentindo-te bem na lama, sacode-la, tentas erguer-te, fitas o tal infinito e meio a cambalear, lá vais tu, na demanda desse ponto, que te atrai e te seduz. Por momentos já esqueces-te onde já havias estado, caido, elameado, sem nada te seduzir, perdido até de ti próprio. E lá vais, pé, ante pé, não vás caír outra vez. Vais esticando sempre o braço na ansia de o alcançar. Já visivel, é verdade, mas tão longe, sempre longe. Ciente do teu caminho, penoso e sofredor, perseguê-lo como louco, um demente, um sonhador que nesse imaginário ponto há-de um dia, sabe-o bem, depositar toda a dor e então nu de sofrer, deixar-se cair em paz, pra viver, sabe-se lá, ou então...para morrer.

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

FRIO

Neste tempo em que o frio racha, na procura daquelaoutra, que lá no canto da casa, solenemente guardadada, pra momomentos de desgraça, jás inerte, sempre à espera, que a sua vez apareça, de crepitar na lareira, cumprido assim simplesmente o fim para que nasceu. Aquecer será um deles, sem dúvida, mas outros, os há sem dúvida, embora porém esquecidos. Não é que também alumia, nauqelas noites de bréu, que da sua chama faz luz, pra isso também nasceu. Outrora também o fora, tissão para o dia seguinte, que na mingua de alguns fósforos servia na perfeição para de novo acender um mais pequrno tissão. Feliz racha bem guardada que cumpriste o teu destino, aqueceste toda gente, deste luz, e já no fim, quaze sem préstimo, soubeste com tal mestria passar o teu testemunho.

quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

NATAL

Ei-los que partem, mais uma vez, de longe ou perto, não interessa. Algo os impele. Será por vontade de Deus, será por mera ansiedade, mas partem. Quantas vezes mais vazios, sobretudo por dentro. Coração em descomando, perdido na multidão. Não sabe bem porque vai. Sozinho, ou quase, o destino é o mesmo. Algumas lágrimas por companhia. Outros ficaram, já não o acompanham, fizeram-no, outrora, hoje não. Pura e simplesmente ficaram. Velho pedaço de chão que o aguardas, como aguardaste, sempre, outros, que hoje também já não vêm.

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009