quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

NATAL

Ei-los que partem, mais uma vez, de longe ou perto, não interessa. Algo os impele. Será por vontade de Deus, será por mera ansiedade, mas partem. Quantas vezes mais vazios, sobretudo por dentro. Coração em descomando, perdido na multidão. Não sabe bem porque vai. Sozinho, ou quase, o destino é o mesmo. Algumas lágrimas por companhia. Outros ficaram, já não o acompanham, fizeram-no, outrora, hoje não. Pura e simplesmente ficaram. Velho pedaço de chão que o aguardas, como aguardaste, sempre, outros, que hoje também já não vêm.

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

A TÁBUA

Ei-la a correr, ao sabor da corrente, ora mais depressa ora mais lenta, depende da força e caudal das águas. Muitas vezes vai sózinha, outras, muitas, transporta na frente ou em cima, tantas, tantas coisas. Alegrias e desgraças, sonhos e quimeras. Por isso se lhe chama tantas vezes " a tábua da salvação". É-o de facto, muitas vezes. E que respirar de alivio quando a encontramos! Por outro lado, que pesar, que mágoa, quando a não temos, ou porque nos fugiu, ou simplesmente perdemos a oportunidade. Mas pior, pior ainda é quando ela está ali ao lado e não nos quer transportar. Porque acha que não deve, ou então porque não quer. E lá se fica à marcê da força das águas que ameaçam devorar-nos

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

LÁGRIMAS

Lágrima que de mansinho vais resvalando do olho, lentamente, devagar, vais abrindo o teu caminho e docemente cair no amparo do teu ninho.
Algumas, de alegria, de pura felicidade, de um riso desmedido que pela face irradia e, essas dizem que serão lenitivo p`ra idade.
Outras há porém amargas, tão azedas como o fel,que sentidas, vão caindo, também bem devagarinho, quase sempre não contidas, mas sofridas, tão sofridas. A estas dizem que são o espelhar do estado d`alma, que tambem devagarinho te vão tornando...velhinho. Quase não te apercebes que estão a brotar dos olhos, sentes porém a tensão, o bater tão apertado do teu pobre coração, que outro espaço não tem que deixá-la resvalar, no mesmo sulco onde outrora já correram de alegria, de amor, agora...apenas dor.

terça-feira, 10 de novembro de 2009

PASSEANTES

Desvelados, por caminhos poeirentos, calcorreiam sem cessar, mergulhados na penumbra que lhes embrutece a alma e dilacera o coração. Ei-los, todos os dias, passeantes sem fortuna que o azar ou o destino os empurrou para a lama e o pesar e descrença os vai fazendo por lá permanecerem. Respiram o ar de todos, só isso, tudo o mais é muito seu, só seu, por ninguém mais lho disputar. Deabulam por aí, por cá ou por mais além, não importa, o caminho não lhes interessa, o rumo tão pouco, sempre há-de levá-los a algum sítio. Onde? Não lhes imteressa. Hoje foi como ontem e amanhã será seguramente como hoje, sem novidades, pura rotina. Esperança? Que palavra esvaziada de sentido. Somam amarguras que o rosto vai revelando e, desleixo, deles próprios e do mundo. Mundo cão em que vivemos que não se permite pensar que ele é de todos nós.

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

LOUCOS

Nesta pardenta tarde de Novembro, sombria e triste como o céu que nos encobre, vem-me à memória dias tristes passados em companhia de um grupinho de loucos. Loucos, sim, dos verdadeiros, alguns em recuperação, outros infelizmente já arredados dessa esperança. Dias de memórias esquecidas, esforçadamente tentadas recuperar mas, em vão, outras ,de alguma lucidez e por fim de angústia para literalmente dali "fugir". Fizeram-se amizades, umas passageiras outras nem tanto, porque nos fazem lembrar o conforto dado por quem não tinha o dever e o abandono de quem nós pensariamos ter apoio. Certo ou não é que me vem inúmeras vezes à memória e os olhos, quantas vezes teimosamente esforçam-se por reter uma lágrimazita que teima em resvalar. Por lá se vai passando algumas vezes, dexando uns cigarritos e pagando uns cafés àqueles que infelizmente por lá

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

BOTA VELHA

Bota velha, que sem descanso, lentamente, vais calcorreando ruas e ruas, olhando pasmada algumas portas onde já tiveste acesso , onde foste mesmo admirada. Hoje, já lá não entras. Calçada por outros pés, encontrada algures perdida, mesmo assim aínda tiveste serventia. Sabes que um dia, quando quase nada de ti restar, para lá voltarás, então, já sem niguém que te queira.
Choras o tempo passado e lamentas o presente. Toda a gente te vira a cara com gestos de repugnância, pudera, o teu aspecto já ninguém cativa. Distância, apenas distância é o que as pessoas de ti querem, enquanto vais exibindo um rombo do tamanho daquele que te consome as entranhas.
Nefasta a vida, velha bota. Podes, no entanto, orgulhar-te do passado que já tiveste. Quantos poderão dizer o mesmo?

terça-feira, 3 de novembro de 2009

CEIA

Recordo com saudade e nostalgia o velho toque das trindades. Ritual diário, por todos conhecido e respeitado. Mal a sineta tocava, acabava-se a jogatana e corre para casa, ir à adega buscar a caneca do vinho que a janta já estava na mesa. Era um momento singular e único. O Pai, na sua autoridade abençoava a comida que Deus lhes havia proporcionado e todos, mulher e filhos, em volta da mesa, comiam o que havia.
Como hoje é diferente. Os pais, já uma grande parte, cada um para seu lado. Os filhos, ora repartidos ora transitando de uma casa para outra. Um SMS à noite: "filho onde é que andas?", quantas vezes sem resposta. A ceia, outrora momento de união é agora momento de solidão e angústia. Sózinho, um prato na frente acabado de confeccionar sem vontade nem jeito, uma televisão a falar de qualquer coisa a que se não presta atenção. E na memória vão passando esses momentos, de alguma privação, mas de muita...muita alegria

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Recebi hoje via SMS anónimo, o seguinte pensamento, se assim se lhe pode chamar:" Lembra-te, DEUS não prometeu dias sem dor, risos sem sofrimento, sol sem chuva mas... força para o dia, conforto para as lágrimas e luz para o teu caminho. Os que confiam no Senhor, são como os montes de Sião, que não se abalam, mas, permanecem para sempre. Sê firme e seguro, sempre sorrindo, JESUS está no barco, não temas a tempestade que se levantou. JESUS vai acalmá-la porque Ele tem todo o poder. Uma coisa JESUS não te pede: não tentes ensiná-lo como é que Ele terá que fazer o milagre..." Pr. Joildo Salles
Interessante e cheio de conteúdo, pelo menos, motivos para reflexão não lhe faltam. Para quem acredita que foi Deus a pôr-nos no mundo por certo questionará porque não dotou o mundo, pelo menos para muitos ,do indispensável. Para quem acredita que após o nascimento é o "agora safa-te" questionará por certo o sentido de familia, amor familiar, etc. Da fé, de que um dia falarei, para quem a tiver se retirará muitas respostas, mas, para os agnósticos, Jesus será o timoneiro que vai impedir que o barco vá ao fundo?

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Folhas Sêcas

Outono do tempo e da vida. Cair de folhas e lágrimas. Lamúrios das águas que lentamente vão subindo pelas margens, outrora sêcas, agora, desgraçadamente cobertas por águas vertidas vá lá saber-se porquê ou por quem. Mas vertidas, isso é certo, das nuvens, algumas e muitas outras dos olhos. Que sim, que não, certo é que basta olhar e ver. Olhos lamejantes de infelicidades escondidas, outras, muitas vezes ás claras, estampadas amargamente nos rostos onde já fizeram sulcos.