quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

BRUMA

O que esperas mantilhão perdido na imensa bruma, que de cajado na mão, orientas para o além a desmesurada visão de um querer enganador, composto de imensa dor, descuido de um orgulho de que tu sabes tão bem, ser o mal do teu sofrer? Vais penosamente arrastando o fardo nas tuas costas que te queima o coração. Mantilhão és perdedor. O cajado não te ajuda, só te alivia um pouco o que sabes como ninguem, o mal que a desgraça tem, o não querer ver mais além, um pouco mais, da penumbra, que te cega, que te amarra e que te entrega à dor que honrosamente ostentas com cara de sofredor.

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

PENUMBRA

Eis senão que a luz se apaga, devagar, tão de mansinho, que passas as mãos nos olhos, devagar devagarinho procurando uma réstea que de luz te abra o caminho. Mas da luz já nada vês, uma penumbra somente, que embora lentamente também muito de mansinho te vai cobrindo de bréu o que de de esperança já fora. Tateias aqui, ali, sem saber que hás-de fazer, se continuar às escuras, se regressar denegrido ou, se permneceres imóvel, aguardando uma outa vez, prendendo-te sem remédio a qualquer réstea de esperança, que porventura ainda tenhas ou venhas a conseguir. Tives-te-la ali bem próximo, a um estender de braços mas por ti ou pelo destino deixaste que se enstinguisse..novamente, mais uma vez.

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

LUZ

Lá no fundo, lá bem longe, mesmo a perder  de vista, cuidas haver algo mais, que te impele, que te impurra que te te leva a procurar. Assim, mesmo caído, sentindo-te bem na lama, sacode-la, tentas erguer-te, fitas o tal infinito e meio a cambalear, lá vais tu, na demanda desse ponto, que te atrai e te seduz. Por momentos já esqueces-te onde já havias estado, caido, elameado, sem nada te seduzir, perdido até de ti próprio. E lá vais, pé, ante pé, não vás caír outra vez. Vais esticando sempre o braço na ansia de o alcançar. Já visivel, é verdade, mas tão longe, sempre longe. Ciente do teu caminho, penoso e sofredor, perseguê-lo como louco, um demente, um sonhador que nesse imaginário ponto há-de um dia, sabe-o bem, depositar toda a dor e então nu de sofrer, deixar-se cair em paz, pra viver, sabe-se lá, ou então...para morrer.

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

FRIO

Neste tempo em que o frio racha, na procura daquelaoutra, que lá no canto da casa, solenemente guardadada, pra momomentos de desgraça, jás inerte, sempre à espera, que a sua vez apareça, de crepitar na lareira, cumprido assim simplesmente o fim para que nasceu. Aquecer será um deles, sem dúvida, mas outros, os há sem dúvida, embora porém esquecidos. Não é que também alumia, nauqelas noites de bréu, que da sua chama faz luz, pra isso também nasceu. Outrora também o fora, tissão para o dia seguinte, que na mingua de alguns fósforos servia na perfeição para de novo acender um mais pequrno tissão. Feliz racha bem guardada que cumpriste o teu destino, aqueceste toda gente, deste luz, e já no fim, quaze sem préstimo, soubeste com tal mestria passar o teu testemunho.